Em tempo...

Me parece que a maior crise da atualidade é a escassez de tempo! O tempo está minguando... Mas onde foi parar afinal? Está escondido no trânsito? Na má organização pessoal? Ou disfarçando a preguiça? Seja como for, eu também sofro deste mal - agravado pelos multiplos papéis que desempenho - tenho visto os anos passarem sem que o desejado 'tempo' fique mais disponível! Este blog é um desafio pessoal, pretendo imprimi-lo para compartilhar com minha filha qdo esta crescer - espero q ela tenha mais habilidade que eu para gerenciar sua vida profissional, academica e as demandas dos meus netinhos :D


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

E naquele dia, em que algo inesperado acontece: poesia

Eu estava voltando pra casa, depois de mais um dia corrido de trabalho entre planilhas, reunioes e scorecards de fim de quarter, qdo resolvi parar na farmarcia que ficava no caminho - apenas pq havia uma banca de jornais em frente a ela e teria entao a oportunidade de – após comprar xampu para justificar o tempo no estacionamento – dar uma espiada pra ver se haviam chegados os benditos gogo’s q minha filha esta colecionando. Faz dias que estamos atras deles, peregrinando de banca em banca após a saida de escola, e os pacotinhos estao em falta. Como ela ganhou um dinheiro de presente de aniversário da avó, e eu havia prometido me empenhar na busca deles, e lá estava eu, incansavel na minha meta mais dificil do dia.

Bem, eu nao achei os gogo’s lá…mas embora nao procurasse, achei algo diferente – um momento de reflexao na mais inesperada das situaçoes. Eu sai da farmacia carregando minha sacolinha com xampu especial para cabelos quimicamente tratados, equilibrando celular e a chave do carro na outra mao, me escondi atras do oculos de sol enquanto o calor de 38 graus continuava castigando Sao Paulo desde os ultimos dias  de inverno, e sem muito prestar atençao a volta, parei em frente a banca – nao vi direito quem estava sentado atras do vidro/balcao e soltei um rápido:


- BOA TARDE!?! Chegaram os pacotinhos de gogo’s? Minha filha continua ansiosa e…

Saiu de lá do fundo um homem de meia idade, com cabelos grisalhos saltando por debaixo do boné, camisa polo azul meio desbotada, com aparencia simples e serena - serenidade que contradizia a condiçao do momento: o calor e a poluiçao da avenida - que foi respondendo calmamente diante da minha pressa:

- Puxa, nao chegaram…sabe eu já fiz o pedido, mas…

- Sabe quando eles chegam? – perguntei meio aflita e decepcionada, ja antencipando a carinha de frustraçao da minha pequena.

- Olha…como é seu nome mesmo?

- Marissol – respondi, já imaginando algo como ‘me deixa o telefone que ligo avisando’…quando ouço:

- Entao Marissol, posso deixar um pensamento de luz para sua vida?

Eu parei…arregalei os olhos atras do óculos, meio que ri diante da situaçao e disse: – Ah, claro, muito obrigada! – e já ia saindo pensando ‘puxa, que jeito curioso de se desculpar pela falta de um produto…mandando ‘pensamento de luz’ pro fregues’ rsrsrs. Mas qdo ia me retirando ao imaginar que o ‘pensamento de luz’ fosse realmente apenas um pensamento intimo dele, um modo de dizer ‘tchau, tudo de bom viu!’, ele continuou, ou melhor dizendo - começou:

- Entao ouça, Marissol: …..

E passou a falar…a falar e falar…falar…de forma pausada, algumas coisas pareciam meio que quase rimando, mas nao me pareciam decoradas, elas fluiam como um discurso meio improvisado, eu nao consigo lembrar da ordem das palavras mas era algo como – que sua vida seja sempre cheia de luz, amor e respeito daqueles q vivem ao seu redor, que vc possa sempre levar sua missao ate o fim, sua missao de melhorar a si mesmo e as coisas a sua volta, que vc compreenda a grandeza do amor q vc carrega e que vc possa iluminar tudo ao seu redor, que sua vida seja longa e prospera, que a saude do seu corpo permita seu espirito seguir adiante com seus designios e por ai foi…só me lembro do final meio rimado que dizia algo assim ‘Marissol (alias ele repetia meu nome entre uma frase e outra), por tras dos seus olhos de mulher refinada (ou sofisticada, nao sei, sei q era quase isso), existe um coraçao iluminado – (e deu uma pausa pra concluir)-  que deixou este cowboy encantado’ – rsrsrsrsrs esta foi a parte meio engraçada e provavelmente, menos elaborada da mensagem.

Eu sorri e agradeci, terminei dizendo ‘muito bonita a mensagem, obrigada, boa tarde’ e sai…fiquei meio atordoada, rindo talvez diante da perperxlidade por nao entender o que havia acontecido. As palavras bonitas chegaram em dado momento a me emocionar, ao mesmo tempo q uma ponta de duvida lá no fundo ficava me instigando a racionalizar que este cara nao pode ser normal, ou se ele falava isso pra todas as mulheres que tentavam comprar gogo’s ou se isso tinha a ver com alguma religiao maluca, ou se, ou se, ou se…por fim pensei, devia ter prestado mais atençao, pedido para repetir, gravado, anotado…pois independentemente de qualquer coisa eu deveria ter me apegado ao conteúdo das palavras – nunca mais na minha vida devo encontrar um jornaleiro desconhecido que se de a gentileza de quebrar o calor e a pressa do meu dia, para desejar de forma poetica coisas boas para minha vida. O presente  no entanto, vindo de fonte tao inesperada, com cenario e ocasiao tao inusitados, que quase me fez perder o conteúdo.

Depois de volta ao meu carro fiquei chateada ao me dar conta do paradoxo que vivemos nos dias de hoje: um mundo onde ignorar as pessoas a volta ou ate mesmo ser grosseiro com elas, é recebido com mais naturalidade que alguem q se de ao trabalho em pronunciar palavras bonitas gratuitamente para outra pessoa – principalmente qdo esta pessoa nada tem a ganhar com isso, já que os gogo’s…estes continuam em falta!