Hj durante minha etapa final para os check ups deste ano no laboratório me deparei com um cenario comovente.
Eu estava trabalhando na revisao do mestrado enquanto esperava ser chamada qdo um senhor aproximou-se do local do café com uma moça. Ele devia ter por volta de 60 anos, mancava e se locomovia com dificuldade - e ela uns 30. Apesar de jovem, a moça nitidiamente tinha algum tipo de retardo mental - nao uso a expressao de forma pejorativa, mas na minha falta de conhecimentos aprofundados nesta questao, é a melhor q encontro para descreve-la. Ela falava com alguma dificuldade mas era bastante curiosa com tudo a sua volta, como uma crianca no corpo de uma adulta. Enquanto ele pedia o cafe para os dois, a orientava a ir lavar as maos. Muito educado, perguntou o nome da copeira e agradeceu diretamente a ela por have-los servido (como acho bonito gente gratuitamente educada!)
Mas foi a paciencia daquele homem com aquela moca que me deixou realmente comovida, ele nao a apressou em momento algum, ele explicava as pessoas a volta o q ela queria qdo tinha dificuldade de se expressar, falava baixo e pausadamente - e ainda durante a conversacao dos dois - o dialogo lembrava um pai que conversava com sua filha de 8, 9 anos de idade. Ao levantar-se, ele fechou carinhosamente o ziper da jaqueta dela e a ajudou a colocar a bolsa na tranversal sobre o corpo. Os dois seguiram conversando sobre se ela tomaria banho antes do jantar ou depois.
Aquela moça cultiva um bom grau de independencia fisica, mas era nitidiamente uma crianca acompanhando seu pai, orgulhosa por ter se comportado nos exames e interessada nas pessoas a sua volta. Enquanto o pai foi ao banheiro, ela se virou pra mim e disse: Oi tudo bem!? vc quer? (mostrando o paozinho q comia) e eu agradeci apenas com um sorriso: Nao meu bem, obrigada, eu ja comi o meu… – mas ela parecia curiosa como a minha filha, qdo me ve debruçada sobre a papelada do meu mestrado.
O pai voltou e ela continuou conversando com ele sobre o q fariam ao sair dali, ela tinha toda uma programacao definida e dava a entender que era uma programaçao q se repetia – ela parecia se sentir confortavel com o fato de poder prever o que faria a seguir (e as criancas desde cedo nao sentem-se seguras com a rotina?). Ironicamente cheguei a invejar o carinho daquele pai, tao atento e tao paciente, provavelmente desde sempre - demonstrando nao apenas uma aceitação mas tb uma satifaçao genuina na convivencia com a filha. Pais de crianças especiais sao certamente seres humanos muito especiais, principalmente qdo abraçam esta missão com tanta alegria, amor e dedicaçao. Acredito no entato que uma dor os persegue pela vida afora – eles sabem que nao importa quao longa suas vidas sejam, sempre deixarão orfã uma ‘criança’.
Bem...assistir aquelas cenas me fez pensar o qto sou impaciente com a minha pqna perfeitissima em tantos momentos da nossa vidinha corrida...o qto quero q ela faca as coisas mais rapidamente e nos tantos momentos em q perco a paciencia e digo q ela esta se comportando como um bb! E é em momentos mais improvaveis como este q temos verdadeiras licoes de vida. Por alguns instantes esta nossa perfeicao fisica me constrangeu e quase me deixou envergonhada – como se fosse indiga de te-la me beneficiando da sua camuflagem sobre tantos defeitos não-visiveis... Os meus exames atrasaram e fui embora sem te-los feito, mas de forma alguma minha manhã foi perdida, eu acho que devia estar lá hj, naquele momento, por algum motivo.
No fim da tarde fui buscar meu pacote mais cedo na escola – abracei e beijei muito minha pqna - perfeitamente imperfeitinha como a mãe dela…nós duas certamente ainda teremos longas jornadas juntas