Não sei como as outras pessoas interpretam a Roda da Fortuna…é um termo usado com frequência no tarô, algo que lá pros meus 20 anos de idade, me atraia muito.
Hoje no entanto, me vi revisitando este termo…ao entender que nossos recursos estão alocados temporariamente conosco, devendo girar e se redistribuir.
Eu – GRAÇAS A DEUS – há muitos anos não me preocupo muito com a questão financeira. Não sou rica nem tenho a vida ganha, mas um salario muito acima da média da população brasileira, que me permite fazer as coisas que preciso e desejo, sem me preocupar muito com o preço delas.
Isso não quer dizer que eu rasgue dinheiro, ou que não tenha uma planilha de custos detalhada, que atualizo frequentemente, sempre que entro no banco online – lá tenho uma projeção dos meus gastos mensais, de extras, de investimentos e de receitas. Eu não recebi uma boa educação financeira – alias, algo que nenhum brasileiro recebe – passei pelo aprendizado mais típico…aquele que geralmente nos alcança nas juventude – temos credito, gastamos mais do que ganhamos, devemos, negociamos, não poupamos…Isso provavelmente define minha vida até uns 26 anos…ou por ai. Mas vamos aprendendo a nos auto-organizar com objetivo de não nos encontrar novamente naquelas mesmas ciladas, e daí nasceram minhas planilhas de Excel e meus planos de longo prazo.
Nos últimos 15 anos eu consegui então me organizar – tendo momentos com um pouco mais de recursos, outros um pouco menos – e prioridades claras: a minha filha – neste caso incluo a educação dela no topo da lista, claro…mas incluo logo em seguida a saúde, o lazer e os mimos. Isso, na minha planilha tem uma linha pra viagens de férias – programo meus gastos de forma que em julho e em dezembro ela possa passar alguns dias passeado, comigo, com a família,com os avós. Estas experiências ela levará com ela pra vida – e considero um justo investimento.
Qdo olho para minha vida, tenho consciência que poderia ser uma pessoa com um patrimônio maior – poderia economizar mais, ser mais controlada nos meus gastos…mas ai penso: e a roda da fortuna? guardar dinheiro é uma coisa bastante paradoxal. Deixamos de usa-lo durante o período de saúde para pagar remédios na doença…será que teríamos as doenças se tivéssemos gastado melhor em vez de economizar? I DONT KNOW…mas sei que quero olhar pra tras e pensar – vivemos – o tanto possível que poderíamos viver bem – com os recursos que a vida colocou em minhas mãos.
E a roda da fortuna? Bem…sempre que vejo o qto de dinheiro q entra em minha conta, eu penso – ao economizar mais, deixo o banco feliz…ao gastar mais, deixo a vendedora da loja feliz, o dono da padaria feliz, o homem do transporte escolar feliz, deixo a moça que faz festinhas feliz, e tantos micro- empresários e profissionais que fazem parte da cadeia de negócios que gira a nossa volta. Eu sinto de verdade que estou fazendo a coisa certa. Embora muita gente possa achar que esta é uma vida consumista, eu diria que este é um conceito contraditório. Temos que viver de forma sustentável, mas ate a sustentabilidade significa manter a cadeia a nossa volta em funcionamento. Daí é que podemos optar pelo vendedor de orgânicos, que podemos optar pela roupa da pequena confecção, mas imaginar uma vida sem consumir é irreal.
Ok, mas saindo do consumo que faz parte da nossa sociedade – e que pode ser repensado – e que deve ser racional, e não ostentação…chegamos a roda da fortuna novamente…a do repasse.
Posso nao ter uma religiao praticamente (e penso mesmo que nao é necessario, as religioes alienam mais que ajudam), mas acredito que devemos ser gratos a vida e ao algo maior que permitiu e vida - e é aí que agradeço sempre pelo dia que passou e peço coisas boas para as pessoas a minha volta, para o mundo em que vivemos. Sempre peço a Deus que nos ajude a olhar sempre mais para baixo que para cima, que como ‘estamos’ num momento muito afortunado e abundante de nossa vida, ele nos mostre formas de ajudar aqueles que verdadeiramente precisam, agindo como seu instrumento.
E é geralmente nas segundas feiras, que as necessidades dos outros cruzam o meu caminho. As vezes me pergunto – será que é uma necessidade real (nenhum de nos quer se sentir explorado ne…) mas vejo em seguida que – ainda que não seja – estou fazendo minha parte.
Hoje uma pessoa me perguntou como poderia retribuir, quer faria qq coisa…e eu pedi que ajudasse alguém q estivesse precisando. Ela me respondeu então que estava dividindo a cesta básica dela com uma família onde todos estão desempregados, que estava ajudando mais 3 moças gravidas…
Demorei pra processar aquilo…lembrando daquela historinha da viúva que dava uma moedinha só de doação…pois bem, esta pessoa tem tão pouco e tem dividido tanto, que o q eu possa fazer ou tenha feito até hoje torna-se insignificante…pois minhas contribuições não diminuem o meu conforto, não tiram roupas do armário da minha filha, nem passeios de sua agenda…agradeci a Deus por me ajudar a enxergar que tenho q fazer mais e de coração aberto, a aproveitar a sorte de aprender pelo amor e não pela dor – aproveitando este momento da roda da fortuna, distribuindo e compartilhando.
Eu vejo como um jarro se enchendo de agua…temos que beber desta agua, temos que guardar agua para eventual momento de sede no futuro, mas temos que dividir esta agua – e ele estará constantemente sendo reabastecido – com agua fresca, sempre que servirmos de instrumento de rapasse.
NAMASTÊ.