Quanto mais me deparo com crianças dançando funk na tv, vestidas de pequenas misses por suas prórpias mães, querendo ser iguais a Beyoncé, pedindo roupas agarradas, sapatos de salto e maquiagem…aos 5 anos de idade – mais me convenço que boa parte da nossa obrigaçao como pais e mães DEVE ser a de preservar a infância tanto quanto possível, lutando contra a influência perniciosa da mídia e da televisão.
Hoje eu me sinto bastante decepcionada por ter um dia escolhido me formar em publicidade e propaganda. Vejo com muito maus olhos todas as tecnicas sofisticadas que existem para dirigir o consumo, criar identificaçao com marcas, impor necessidades – a todos nós – mas principalmente as crianças. Eu pagaria 3 x mais para assinar um canal de tv que me livrasse totalmente das propagandas…e ainda assim nao protegeria minha filha de ser influenciada negativamente por este exercito invisivel que existe ao nosso redor, nos empurrando para o consumismo, para as referencias de beleza, para as inutilidades indispensáveis a sobrevivencia.
Depois de dedicar toda a primeira fase da minha carreira ao mundo da comunicaçao, ficaria feliz em encerrar minha vida profissional lutando contra o uso indiscriminado da mídia em influenciar consumidores jovens e mirins…mas enfim, nao é este o assunto deste post…apenas aproveitei pra ‘desabafar’ hehehehe
Na verdade o que me traz aqui é a maravilhosa inocencia da infancia…e o qto meu marido e eu temos nos esforçado para entrar neste mundo de fantasia que minha filha ainda vive imersa, e garantir que ela possa vivenciar suas alegrias enquanto é tempo!
Recentemente vivemos a fase do ‘furby’…o brinquedinho chato e barulhento que nao desliga nunca. Comprei fora do país e qdo chegamos aqui, em menos de um mes…ele quebrou, pra minha alegria e pra tristeza da pqna – ele parou de ‘falar’ :) Lógico que ve-la absolutamente frustrada nos deixou chateados, resolvemos convence-la a manda-lo para o hospital dos brinquedos. Ela fez ate uma cartinha para o ‘medico dos brinquedos cuidar dele com carinho’. Meu marido foi até a Hasbro levar o dito cujo do Furby, que era todo rosa e falava em ingles, para arrumar. Depois de quase 2 meses brigando com a empresa, indo ao reclame aqui, ameaçando com procon, fazendo escandalo…a Hasbro me responde que nao tem mais o Furby rosa…apenas azul, e claro – que ele falaria em portugues.
Começamos entao nossa parte no trabalho. Fizemos uma cartinha para ela, avisando que o Furby tinha pedido pra tocar de ‘pelinho’ pra ficar parecido com outros amiguinhos e que alem de tudo, havia aprendido a falar portugues! O brinquedo tinha que chegar antes do aniversario dela, já q toda a festinha era tematizada em furby…mas na ultima hora meu marido saiu correndo pra comprar outro, pois o brinquedo chegaria apenas semanas depois.
Ela engoliu bem toda a historia pq criamos um cenario de hospital, roupinha, aprendizado – que seu filhote Furby estaria passando enquanto estava longe. Falava dele t-o-d-o-s os dias…fica com os olhinhos marejados de ‘preocupacao’, cobrava se já estava chegando, etc…No final ficou tudo bem, mas pensei comigo, nós dois – eu e meu marido – tinhamos um objetivo: manter o sorriso dela, preservando sua crença nas coisas e pessoas. O médico do Furby pra ela, era bonzinho (enquanto eu entre uma reuniao e outra xingava a ass. tecnica da Hasbro) rsrsrs
Ai tempos depois ela veio com um livrinho da escola, que falava sobre uma estrela cadente que realizava desejos! Do nada teve a ideia de mandar uma cartinha pra ela, e colocou na nossa varanda. Por sorte, veio me contar, em tom de segredo, antes de dormir, que tinha feito a cartinha…e que queria dormir logo pra ver se de manha a cartinha tinha sido pega pela estrela cadente rsrsrs…
Nós obviamente pegamos a cartinha e respondemos. As vezes a estrela mandava uma balinha…as vezes desenhava um coraçao!
Muitas cartinhas indo e voltando…uma semana me esqueci completamente de ver se tinha algo na varanda. Qdo ela comentou que fazia tempo que a estrela nao escrevia, mandei uma cartinha dizendo q ‘estava viajando, visitando crianças no japao’ rsrsrs…
Tempos depois, recebo uma cartinha – ou melhor a estrela recebe! – dizendo ‘Estrela, a minha amiga Samantha te escreveu, mas vc ainda nao respondeu…vc pode passar na casa dela?’ :D :D :D E eu pensando…será q a Samantha podia pelo menos contar pra mae dela sobre a carta? rsrs
Enfim – estrela cadente, fada de dente, papai noel e coelhinho da pascoa – até as princesas da Disney! Este mundo de fantasia que encanta as crianças deixa a vida dos pais mais leve. Participar dele é uma forma de amar. Quando veio reclamar comigo que a amiguinha da escola havia dito pra ela que a princesa Elsa (Frozen) que ela esta tao ansiosa pra encontrar na Disney, nao existia…eu respondi ‘Tem gente que nao acredita nem em Deus…qual o problema em nao acreditar na princesa? Deixa ela…’ rsrsrs
Eu sei que por aqui, tb nao vai durar muito tempo…outro dia, pouco antes de cair o primeiro dentinho, ela me perguntou:
- Mamae, será que existe mesmo a fada do dente?
Eu respondi: – Eu nao sei, quando eu era criança ela nao veio pra mim, mas eu acho que foi pq eu joguei o dente no lugar errado! (e obviamente fiquei lembrando da minha frustraçao ao jogar meu dentinho em cima do telhado, como mandava a ‘fantasia’ da epoca, e nao ter ganhado o brinquedo que eu havia ‘pedido’ qdo voltei pra dentro de casa rsrsrs) – Mas ela já foi nas casas das amiguinhas, até na Peppa Pig (desenho que assistimos juntas no Discovery kids)
E ela prontamente disse: – ah nao sei…mas…é que as vezes… acho que pode ser ‘uma mãe’ q vai lá e poe a moedinha…!.
Eu apenas sorri, e pensei…q delicia poder ser a estrela, a fada, o coelhinho e o papai noel na sua vidinha! :)