Em tempo...

Me parece que a maior crise da atualidade é a escassez de tempo! O tempo está minguando... Mas onde foi parar afinal? Está escondido no trânsito? Na má organização pessoal? Ou disfarçando a preguiça? Seja como for, eu também sofro deste mal - agravado pelos multiplos papéis que desempenho - tenho visto os anos passarem sem que o desejado 'tempo' fique mais disponível! Este blog é um desafio pessoal, pretendo imprimi-lo para compartilhar com minha filha qdo esta crescer - espero q ela tenha mais habilidade que eu para gerenciar sua vida profissional, academica e as demandas dos meus netinhos :D


quarta-feira, 29 de junho de 2016

Preparando o futuro (melhor): que assim seja!

nova geracao

Mais fácil falar que fazer…é assim mesmo que funciona! E por que? Bem, talvez porque o ser humano busca recompensa imediata, por natureza…certamente não era prioridade dos nossos ancestrais pensar na velhice e sim como sobreviver a mais uma noite! Logo, o mantra viver o dia de hoje fazia mais sentido que nunca. O problema é que estamos agora envelhecendo até bem mais tarde…e daí viver a vida de hoje significa pensar na vida de amanha também!

Na minha humilde opinião, esta coisa de pensar no curto prazo eh o que nos trouxe, como humanidade ao modelo de vida insustentável que temos hoje. Afinal, será que achávamos que iriamos como espécie chegar a todos estes séculos de sobrevivência? Daí, nossos netos agora tem um problemão na mão…e que se não começarmos nos a ajudar a resolver desde já, talvez não chegue nem aos nossos netos.

Bom, mas meu ponto hoje é menos altruísta e mais egocêntrico, preparando para o futuro individualmente, tanto quanto possível.

Eu tenho hoje quase 43 anos, meus cabelos brancos estão aparecendo de forma mais visível, meu pai morreu faz pouco tempo com quase 65 anos, vivo uma vida intensa trabalhando muito e criando uma filha, tenho contas para pagar e não posso me dar ao luxo de ficar sem emprego, tenho as mesmas 24h por dia que todos e ainda a mesma tendência a procrastinar se não me organizar corretamente.

Bem…tenho pensado muito na velhice…tenho feito muitas contas, muitas pesquisas e muitas elucubrações rsrsrs

A verdade é q o tempo passa rápido e tenho ainda mais umas 2 décadas ate que comece a sentir o peso da idade – mas isso se eu me permitir ter uma vida desde já, que previna os problemas inerentes ao envelhecimento. Tenho lido muiiiiiiiiiiiito a respeito. Por sorte meu marido compartilha dos mesmos desejos, e topa minhas empreitadas.

Algumas mudanças que estamos colocando em pratica desde já – eu com 43 e ele com 50.

1) check up anual – sem negociação, marcado na agenda. já tenho feito isso faz alguns anos, mas as vezes adiava alguns exames. 

2) atividade física – difícil as vezes, mas adotamos um sistema fácil. Sao 10 mil passos por dia pra ele, e 8 mil passos por dia pra mim. Não temos tempo de fazer uma esteira hoje, ou pilates, ou outra coisa…bem, temos uma meta de passos, daí que deixo o carro longe, levo o cachorro pra passear, vou buscar a filhota na escola a pé, e as vezes, simplesmente pego a esteira e completo os passos.

3) manter o peso – não, não precisa ser o peso dos 20 anos, não vivemos do nosso visual, nem o peso dos 30, mas estabelecemos um peso ideal e estamos com foco nele. não precisamos viver de dieta, apenas precisamos compensar aumentando a atividade física, a medida que os anos passam.

4) alimentação mais saudável – sim, aqui em casa hoje compramos apenas integrais, e sempre q possível orgânicos. Temos limitado as proteínas animais. Eu já não comia carne faz anos, mas as vezes comia frango e com frequência peixe. Neste momento estamos estudando as proteínas vegetais e conhecendo mais sobre estas opções.

5) planejando financeiramente – eu aumentei minha % de contribuição em previdência privada, também aumentei o % da previdência da minha filha, q espero ajudar a pagar a faculdade dela. Fiz uma simulação de FGTS e planejei nossos próximos 10 anos – tanto quanto possível de se fazer numa crise como a que o país vive hoje – para que, se mantivermos os mesmos recursos, possamos aumentar nosso patrimônio e garantir renda extra para a velhice.

6) suplementação – no meu caso mais que no dele, estou bastante interessada nisso. Minha medica dermatologista esta se especializando em geriatria funcional  e me receita há algum tempo suplementos, que eu faço questão de investigar do que se tratam. Sei q a suplementação é polemica, mas acredito que tem refletido positivamente.

7) homeopatia – e na contramão da suplementação, estou tentando tratamentos menos agressivos como homeopatia para problemas que normalmente tem grande impacto, como a menopausa. Neste momento ainda não cheguei nela, mas pra evitar ter q lidar com a reposição hormonal no futuro, tenho já feito uso da homeopatia para regulagem dos hormônios que começam a declinar.

E eh claro, nada disso funciona se não houver paz. A paz, a conexão espiritual, a mente tranquila, o desejo de melhorar, a oração, fé e o amor.

Hoje em dia meu marido e eu somos um pouco reclusos. Quando se tem filhos pequenos, fica difícil manter a vida social agitada, nos gostamos de ficar em casa, de dormir cedo, de beber pouco, de ter hábitos saudáveis…isso é o oposto de uma vida boemia. Dai q temos amigos que vieram com a chegada de filhos,  a proximidade das crianças, mais que amigos que permaneceram da vida de solteiros…não sabemos como serão nossos amigos na velhice, mas temos muitos planos para quando nossa filha estiver maior. Fazer dança de salão por exemplo, fazer Yoga juntos, fazer caminhadas de manha cedo. Hoje existe toda uma restrição logística q nos impede de fazer estas coisas – somos participantes ativos da vida da pequena, e quando um por exemplo vai pra academia, o outro fica em casa com ela. Mas daqui alguns anos, poderemos ir os três juntos Smile 

Enquanto isso, vamos mantendo nossa planilha de planos bem organizada, equilibrando os pratinhos e vivendo a vida de hoje, com a experiência do passado e a esperança do futuro!

terça-feira, 7 de junho de 2016

O espaço vazio


Por razões diversas, você nunca fez parte efetiva da minha vida. Desde que minha mae o magoou, qdo eu tinha cerca de 5 anos, vc achou que a forma mais adequada de lidar com isso era se afastando, de todas nós. Embora tenhamos tido algumas breves aproximaçoes, elas sempre eram recheadas de dificuldades de comunicaçao. Vc queria q eu tomasse partido, e eu nao gostava de ouvir criticas a minha mae…alias, nao gostava tambem de ouvir ela falar qq coisa a seu respeito. Os pais de filhos separados deveriam ter a sensibilidade de calarem suas bocas em qq comentario referente ao ex, lembrando q este ex é um ser parmanente na arvore genealogica do filho – mas nem vc nem minha mae tiveram este bom senso…sempre vinham falar de suas vidas e traziam comentarios a respeito do qto o outro havia sido ‘desagradavel’ ou ‘infringido sofrimento’ a cada um de vcs…eu nem aí pra isso…de verdade, se vcs nao souberam escolher adequadamente seus pares, o problema era de vcs…minha pergunta aqui nao era quem falhou como marido ou mulher…mas quem falhava como pai ou mae, e apesar de nunca ter reclamado para minha mae qdo ela fazia os comentarios da vida dela com vc…e também abmina-los, ela era uma mae presente, que fez o que podia e nao podia para suprir o papel do pai ausente tambem. Já vc, vc abriu mao da sua relaçao comigo…já q eu nao conseguia compactuar de qq critica.

Tenho raiva dos dois qdo penso nestes momentos. Sim, era irritante pra mim saber q vc nao pagava a pensao alimenticia, mas nao queria q isso tivesse vindo pra minha mesa…nao queria q isso influenciasse o q eu achava de vc naquela idade, queria q alguem tivesse tido o cuidado de preservar a imagem de pai durante o tempo em que nós dois amadureciamos…para O MEU BEM, para que eu nao crescesse pensando que vc nao me amava ou nao importava comigo...nao para o seu bem…mas isso nao foi feito. Cresci achando vc o errado, vc o do mal, e minha mae a coitada, a sacrificada. Dificil para uma criança que tem q lidar com dualidades enxergar as nuances. Nao há nuances até q vc cresça, até q ganhe sua propria perspectiva e melhor ainda, até que tenha seus proprios filhos – estes sim, os balizadores de qual seria o comportamento mais adequado frente a qq atitude de ambos os lados, em vistas de preserva-los, de deixa-los crescer bem, podendo fazer seus proprios julgamentos da imperfeiçao humana depois de adultos.

Diante disso, culpo vc – mas culpo tambem a mim e a toda minha familia materna, pela nossa distancia- pois na minha necessidade de assegurar meu porto seguro, nunca tive incentivo para experimentar este outro tipo de amor meio torto que vc poderia ter oferecido desde aquela época. E q eu sei, vc pode oferecer – e o fez de forma plena para quem buscou e o aceitou da forma como ele era. Minha irma nao se contentou com um ou outro lado, e a vida toda buscou a proximidade, cultivou diante das dificuldades a convivencia – mas mais do que isso – vi meus irmaos do seu segundo casamento, testemunharem uma relaçao de pai e filho – como a que todos os filhos desejam. Ainda q eu tenha assistido momentos em q vc era duro com eles, e talvez de novo – o ser humano tenha este habito de guardar as coisas ruins com mais facilidade que as boas as vezes – certamente nao testemunhei todas as boas, pois neste momento da sua ausencia, vi filhos comovidos por perderem seu ponto de apoio, por perderem seu heroi, por perderem seu conselheiro, por perderem seu professor…e eu, por perder a minha caixa de possibilidades.

Neste momento é assim que me sinto – eu tinha uma caixa de possibilidades, bem guardada no fundo do armario – eu nao a abria com frequencia, e nos ultimos anos ela se encontrava fechada – mas eu sabia q ela estava lá: em cima do armario, e que a qq momento a abriria e resolveria os problemas e aproveitaria as possibilidades.

Nao deu tempo – nesta semana voce se foi, deixando seus filhos sem pai e eu sem as possibilidades, sem as longas conversas que adoraria ter tido com vc, sem conhecer sua neta, sem saber dos meus progressos, sem trocar nossas opinioes sobre os filmes, sobre as noticias do país, sem conhecer meu marido, sem…sem…sem…

Foi uma punhalada muito forte – fiquei com muita raiva no inicio, como vc ousou sair deste planeta sem resolver as coisas comigo? O que mais esperavamos pra resolver isso? Eu de um lado achando que já tinha feito todos os esforços, e vc do outro numa mistura de constrangimento e duvida – nao deu tempo pai. Agora nos resta os encontros nos sonhos, os encontros no desdobramento espiritual…

Eu sei intimamente que sou muito mais parecida com vc que pensamos, nos rompantes de emoçoes, na teimosia, na crença de q sempre tenho o conselho e a soluçao certa para o problema dos outros. Eu estou envergonhada do meu lado, por nao ter me esforçado mais, por nao ter me empenhado mais…Jesus já dizia que se deve perdoar nao 7 mas 7 vezes 70…a qq pessoa, que diria ele dos nossos pais? E eu, pq me achava melhor q vc no meu papel de vitima que nao enxergava que dentro de vc sempre houve uma ferida aberta, e q a proximidade comigo expunha a dor desta ferida, poderia ter ajuda-lo a cura-la e superar isso, passando para a proxima fase da relaçao – a nossa.

Nao deu tempo…e hoje estou assistindo estarrecida seus filhos como pessoas doceis, carinhosas, empaticas, preocupada com as pessoas a sua volta…me surpreendendo por vc ter criado pessoas tao boas, como se vc nao tivesse credito para ser um bom pai, pq nao o foi comigo. Estou envergonhada e estou arrependida. Achamos que somos eternos, e que sempre havera um amanha para resolvermos nossas pendencias – mas, como já dizia a música Pais e Filhos: eh preciso amar as pessoas como se não houvesse amanha – porque se voce parar para pensar, na verdade nao há. O amanha que nos espera agora é o amanha em outra encarnaçao, e eu nao queria ter que esperar por ela.

Peço a Deus que vc tenha feito uma boa passagem, e pelas lindas palavras e sinceras demonstraçoes que tenho visto desde sua partida, vc deixou um grande buraco em muitos coraçoes – vc tirou alegria das reunioes, deixou sua familia manca, deixou muita gente sem ‘guru’…e eu sem minha caixa.

Peço a Deus que tao logo vc esteja plenamente recuperado no plano espiritual, que possamos nos encontrar, que possamos nos abraçar, e que possamos conversar, conversar e conversar. Como as conversas que tinhamos qdo eu ainda frequentava sua casa, 15, 20 anos atras, ouvindo mamonas assassinas, depois das festas do Rotary Club. Como nos almocos no shopping ibirapuera, qdo vc gostava de andar comigo ao seu lado pro povo pensar q vc era um ‘coroa q tava podendo com a gatinha’ rsrsrs – dentre as lembranças que ficam pra mim, ficará seu sorriso, seu bom humor. Hoje passaram-se 7 dias do seu enterro…aquele em que enterramos o corpo físico, do dia em q me vi massacrada com eu remorso e meu tempo perdido, em q foi tao doloroso pisar na sua cidade depois de tantos anos, ver que ao voltar lá desta vez, diferente do que planejei em meus pensamentos, vc nao estava lá para falar comigo, do dia em q abracei meus irmaos e minha madrasta e fui recebida com tanto carinho, e com o apelo de voltar e ficar próxima. Foi um dia muito triste para todos e muito triste para mim, que tive que lidar com estas emoçoes nao resolvidas, que tive que encarar o espaço vazio de tudo que nao vivemos, de tudo que poderia ter sido. Enterrei naquele dia com vc qq lembrança negativa, e mais do que te perdoar, te pedi perdao.

Espero que nos encontremos em breve, nos meus passeios astrais…temos muitos anos de conversa pra por em dia…mas temos também a eternidade para faze-lo.

Fique em paz e receba meu abraço aí em cima!

Sua filha.