E aqui estou eu…um tempo ameno, noite bonita, cidade iluminada…acabei de jantar num badalado restaurante em buenos aires…mas estou me sentindo um ‘cocô’.
A razão? vim pra cá ontem a noite exclusivamente para desligar uma pessoa do meu time, q tem uma loooooooooooonga historia na empresa. Embora eu esteja convencida de que fizemos a coisa certa pro negócio, fica um gosto amargo do q causamos ao outro ser humano. E muito dificil lidar com estas situaçoes, mas talvez esta tenha sido a mais dificil q vivi até hj. As leis protecionistas argentinas colocam a gente numa situaçao muito complicada na hora de desligar um funcionário…precisa-se armar todo um circo para dar a noticia e notificar formalmente a pessoa, tivemos que vir de surpresa. Foi uma situaçao muito deprimente para todos, e pra mim, puro exercicio naquele momento, da situaçao de ‘chefe’…vou levar uns dias para superar a sensaçao ruim, porém tenho que manter o pique para afetar o menos possivel o animo do resto das pessoas do meu time – pq esta sim é minha funçao mais importante, a de ‘liderança’ .
Agora pouco ao fechar minha malinha pra amanha, pensei na pessoa que desligamos hj…e no qto ela deve estar abalada nesta primeira noite, qdo se começa o dia com uma vida e termina com outra totalmente diferente. Nao estou questionando as razoes que levaram a este acontecimento, mas simplesmente pensava que esta pessoa deveria estar muito abalada. Pensei q o fato de eu estar me sentindo muito angustiada ainda, nao alivia em nada a carga dela…entao q posso fazer? Torcer para q se recoloque, q faça bom uso da gorda indenizaçao q esta prestes a receber e q se recupere emocionalmente tao breve qto possivel, para escrever uma nova fase da sua historia de vida após a fase do choque.
Amanha volto cedo pra SP, pego minha gatinha no caminho (esta na vovó), deixo na escolinha e vou pro trabalho, pra ver se consigo tornar a nossa sexta 13 um pouco menos dramatica, visto q neste exato momento, por conta das alteraçoes de estrutura, pessoas doentes, em ferias, etc…eu tenho apenas 50% do time, dando conta do trabalho completo…e sob o compartilhamento de más noticias.
A parte boa de tudo isso? Q minha filhota esta otima, esperando o pirulito grande q a mamae vai trazer pra ela (q comprei na disney e deixei guardado rsrs).
Daqui menos de 10 dias viajo de novo pra mais uma semana fora…e lá vai ela pra vovó de novo. Daqui um mes viajo de novo, mas aí ela provavelmente ficará com o papai pq serao só 2 dias…e daqui 2 meses, viajo de novo, mais uma semana, e lá vai a pqna pra casa da vovó.
Todas as proximas serao viagens positivas, importantes, q tem sido produtivas e cada vez menos desgastantes. Pra pacotinha, um presentinho já guardado pra ‘trazer’ de cada uma delas. No proximo semestre no entanto, espero diminuir um tiquinho o ritmo e ficar mais com as viagens mais curtas…nao posso negar q ainda prefiro nao viajar, mas tb q graças a deus, estou cada vez lidando com mais naturalidade com estes desvios de rotina.
Adoro meu trabalho, mas hj foi inevitável pensar em como seria estar fora dele. Nao…eu nao consegui nem cogitar a possibilidade de ser demitida e ok, talvez seja presunçao minha…mas eu devo ter algum motivo pra isso. Tenho uma performance acima da média em todo meu historico nesta empresa, nunca fui demitida de emprego algum (embora entenda que mesmo pessoas de todos os niveis de eficiencia estao sujeitas a isso, em circunstancias diversas q nada tem a ver com performance). Eu apenas penso q os desafios q trouxe para esta encarnaçao estao em outra area da minha vida. Eu entendo q nao importa o q eu decidesse fazer para ganhar a vida, eu teria um desempenho similar ao que tenho hj, e q sempre tive de forma geral na minha vida profissional, pq nao é o trabalho ou a funçao, mas minha forma de abraçar as causas q cruzam o meu caminho. Nao acho q esta seja necessariamente uma ‘receita’ mas acredito q justifica o pq eu nao consegui me imaginar passando pelo q esta pessoa passou nesta manha.
No entanto, consegui me imaginar fora desta vida atual. Depois de tantos anos, a gente desaprende a trabalhar em empresas menores, menos estruturadas, menos organizadas, menos tudo. Acho q o maior desafio é estar aberto a se readaptar. Eu nao gosto de pensar em mudar de endereço, de logistica, de cultura. Acho q o mundo ideal seria encontrar as oportunidades que me motivem dentro da empresa onde estou hoje, o ideal, o mais simples e o mais confortável. Nao sei como será no futuro, mas peço a Deus q me de opçoes de escolha…como peço ainda q facilite o restabelecimento profissional desta pessoa, que ela conclua no final das contas q foi empurrada pra frente e pro alto!
Ai me lembrei de qdo, muitos anos atras, eu trabalhava numa grande rádio em SP, tinha um excelente salario comissionado na area de publicidade e adorava a empresa…mas tinha uma gestora muito ruim…que nao apenas geria de forma pouco inspiradora a equipe, mas também tentava me prejudicar…um dia me lembro bem…depois do almoço, estava no carro com meu ex namorado proximo a radio qdo tive uma crise de choro e falei pra ele - ‘vou sair’…Eu nao tinha outra emprego, ainda iria procurar…mas aquele momento foi sofrido pois foi o momento da ruptura, qdo percebi q nao dava mais pra ficar ali trabalhando praquela pessoa, por mais q eu gostasse da empresa e tivesse um bom salario. Eu escolhi uma nova area pra trabalhar – haviam diversas multi nacionais chegando no mercado com o boom da internet. Eu escolhi 5, liguei como se fizesse pesquisa pra montar um mailing pras 5, peguei o nome do gerente de publicidade das 5, fiz uma carta pra cada um deles me apresentando e justificando pq minha experiencia seria util na equipe deles, anexei curriculos impressos em um papel bonito, e coloquei em envolopes coloridos (sim havia lido q eles chamam atençao!). Mandei as 5 cartas e consegui 5 entrevistas – e depois 2 propostas de emprego. Escolhi uma das empresas e fui ganhar menos da metade que o q ganhava na radio…pedi ajuda a minha familia pra continuar pagando a prestaçao do meu apartamento na epoca recem-comprado. E FUI!!!! Apostei nas possibilidades, na chance de trabalhar feliz de novo e simplesmente fui…
Eu havia ficado quase 5 anos na rádio…e larguei tudo pra desbravar na epoca, um novo e incerto mundo q me levou ao mundo desejado onde estou hj. Semanas atras eu encontrei meus antigos colegas da rádio para almoçar…quase 15 anos depois, todos ainda trabalham na area de publicidade, a maioria deles de radios ou outros veiculos menores. Continuam visitando agencias e clientes, enfrentando transito e fazendo propostas, alguns ainda fazem um bom dinheirinho, outros nem tanto. Eu certamente fiquei feliz pela decisao q tomei lá atras ao reencontra-los. Eu aprendi tantas coisas com todas as oportunidades q aquela mudança me trouxe, eu conheci tanta gente, tantas culturas…fiquei fluente em mais idiomas, fiz minha pós, meu mestrado…e sim, tenho um otimo salario. E quem foi a madrinha de todo este presente promissor? Aquela chefe ruim…q tentava me prejudicar, q desafiava minha lógica já q todos os chefes sempre me adoraram por ser uma pessoa com quem podiam contar de olhos fechados. Se nao fosse por ela…eu talvez tivesse permanecido na radio por mais uns bons anos…ou talvez continuasse na area de publicidade até hj e portanto limitado meus conhecimentos e contatos àquele mundo.
Só tenho a agradecer aquela má chefe por ter sido injusta e babaca comigo, pois ela me empurrou pra cima e pro alto! Eu nao considero q eu tenha sido ‘ruim’ com meu funcionario, pois o contexto é diferente e ele tem responsabilidade pela situaçao que se culminou hj, mas ser a responsavel pela saida dele da empresa depois de 14 anos é um marco q ficará na cabeça dele pra sempre…espero apenas q ele possa ter uma nova fase na vida dele, muito melhor q a q ele já viveu, e q a minha lembrança possa vir acompanhada de um pensamento como “q bom q um dia ela cruzou o meu caminho…e me demitiu…me permitiu ter a vida muito melhor q conquistei hj!”